sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O ator amador


1. Tem medo intenso do palco

2. Não sabe onde colocar as mãos.

3. Tem movimento de cena desajeitado - balança de cá para

4. Move-se pelo palco sem objetivo.

5. Necessita sentar-se no palco.

6. Lê rigidamente e mecanicamente as falas; esquece falas.

7. Sua expressão é pobre; apressa sua fala.

8. Geralmente repete a fala que leu erradamente.

9. Repete em voz baixa as palavras de seus colegas enquanto estão sendo pronunciadas.

10. Não cria atividade e movimentação de cena.

11. Não tem o sentido do tempo.

12. Perde "deixas", é insensível ao ritmo.

13. Veste seu figurino de forma desajeitada; a maquiagem tem uma aparência grosseira.

14. "Emociona-se" com as suas falas em lugar de falar com os colegas atores.

15. É exibicionista.

16. Não tem sensibilidade para a caracterização.

17. Quebra a cena.

18. Tem medo de tocar os outros.

19. Não projeta sua voz ou suas emoções.

20. Não sabe aceitar direção.

21. Tem relacionamento supérfluos com os outros atores ou com a peça.

22. É dependente da mobília e dos adereços.

23. Torna-se a sua própria platéia.

24. Numa ouve os outros atores.

25. Não tem relacionamento com a platéia.

26. Baixa os olhos (não olha para os colegas atores).


Esta é uma lista horrenda, mas a maioria dos atores amadores ( crianças e adultos) possuem, pelo menos dez, se não mais, destas características.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Depois do Espetáculo


(SILVIA ORTHOF)

Puxa, os ensaios foram uma barra! A gente começava a ensaiar, mas o problema maior é que tinha gente que não respeita v a os horários. Aí dava bode.
Nunca pensei que teatro exigisse tanta disciplina! E tem dia que baixa aquele cansaço, sobretudo quando começam as briguinhas. Acho que é por
Isso que manter um grupo é dificílimo. Até gente que faz aquele sucesso: de' repente cada um vai para um lado, acaba. Pois aqueles coroas dos beatles, lá da geração passada, com aquele sucesso que tiveram, não aguentaram ficar juntos? .
Com o nosso grupo, também a coisa foi fogo, mas chegamos à estréia. E o que valeu, ai, que coisa boa que foi a estréia! Meu coração, quando entrei em cena e senti aquela luz em cima de mim... Lá na frente, o público. Eu não via direito, porque a luz ofuscava a vista.
Quando entrei em cena, minhas mãos pingavam suor e o coração batia tanto que cheguei a sentir uma tonteira. Tive medo de desmaiar, esquecer, dar-aquele "branco". Aí, tomei fôlego, respirei fundo e me larguei. Foi lindo, lindo, lindo!
Como será que a gente consegue gastar a emoção que cresce e cresce? Estou me sentindo como se fosse uma margarida. Não, eu sou um girassol! A luz do refletor me iluminou, eu sou um girassol! Porque, naquele instante da estréia, ai... Eu deixei de ser uma garota como tantas e fiquei em relevo. E aí, eu só poderia ser igual a um girassol, quando ele sente a luz e, vai virando a cabeleira despenteadamente louca de tantos sonhos e se deixa iluminar, pétalas escancaradas, inteiro.
Estou cansada de me trancar. Por isso amei fazer teatro, porque me descobri a mim, e aos meus amigos. Mesmo com brigas, chegamos lá.
Nem sei se o espetáculo, para um crítico, teria sido bom. Valeu foi o
Processo do trabalho, dia-a-dia da coisa. Nós não tínhamos dinheiro. Aí fomos
Pedindo roupas velhas, restos de fantasias de carnaval... E as pessoas foram ajudando, catando perucas, trapos, franjas. Adoro franjas,amo! Porque as franjas fazem efeitos lindos, tem movimento!
E a vida é movimento!

Nota: Sylvia Orthof, grande escritora que escreve, conta suas historias como se tivesse fritando bolinhos de chuva em sua cozinha. Assim bem aconchegando!

Este trecho vem do livro. Se a memória não me falha! Vale a pena ler